A Polícia Federal (PF) está investigando se recursos provenientes de contratos firmados por prefeituras no Ceará foram desviados para financiar o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país. A suspeita surgiu a partir de novos desdobramentos da Operação Underhand, deflagrada nesta terça-feira (8), que teve como um dos principais alvos o deputado federal cearense Júnior Mano (PSB).
De acordo com a jornalista Daniela Lima, da GloboNews, as apurações se desdobraram em um segundo inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo o parlamentar, agora também por possíveis crimes comuns. Delatores relataram que emendas parlamentares articuladas por Júnior Mano estariam sendo utilizadas para interferência no processo eleitoral, por meio de caixa dois.
Segundo os relatos colhidos pela PF, após a eleição de aliados em determinadas prefeituras, era estabelecido um esquema de contratação de serviços públicos — como asfaltamento, obras de infraestrutura e transporte escolar — com fortes indícios de direcionamento para empresas ligadas ao PCC. Um dos documentos obtidos durante a investigação sugere a existência de um conluio entre gestores e empresários para desviar recursos públicos e repassá-los à organização criminosa.
As suspeitas elevam o grau de gravidade do caso, que ultrapassa os limites da corrupção tradicional e se aproxima do financiamento de atividades criminosas organizadas com dinheiro público.
Procurado, o deputado Júnior Mano negou todas as acusações. Ele afirma ser vítima de acusações infundadas e reiterou sua disposição em colaborar com a Justiça para esclarecer os fatos.
A investigação segue em sigilo, mas deve ter novos desdobramentos nas próximas semanas. O caso aumenta a pressão sobre o cenário político cearense e levanta questionamentos sobre os mecanismos de fiscalização e controle na destinação de emendas parlamentares.