Durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Celso Villardi, acabou expondo, de forma involuntária, o nome do empresário cearense Afrânio Barreira, fundador da rede de restaurantes Coco Bambu, ao tentar defender seu cliente das acusações de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.
A gafe ocorreu durante a análise de um áudio extraído do celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso. No conteúdo, revelado pela Polícia Federal, Cid narra um encontro com empresários e aliados políticos, em que foram discutidas supostas estratégias para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após a vitória eleitoral de 2022.
No trecho revelado, Mauro Cid cita nomes presentes na reunião: “Na conversa que ele teve depois com os empresários, estava o Rang [Luciano Hang], estava aquele cara da Central, estava o Meia Nigre, estava o cara do Coco Bambu também”. A menção ao “cara do Coco Bambu” foi interpretada como referência direta a Afrânio Barreira.
O áudio também envolve o deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), que, segundo Cid, teria sugerido a aplicação do artigo 142 da Constituição — frequentemente invocado por setores bolsonaristas para justificar uma intervenção militar, embora tal interpretação já tenha sido amplamente rechaçada por juristas.
Ao ser questionado por um ministro do STF se pretendia pedir o aditamento da denúncia para incluir empresários e partidos mencionados, o advogado Villardi tentou se esquivar: “Não, não, não, presidente”, respondeu visivelmente constrangido.
A citação de Afrânio Barreira ocorre no momento em que a Polícia Federal intensifica a investigação sobre o papel de empresários na tentativa de ruptura institucional, apontando que parte do empresariado buscava pressionar por medidas autoritárias para manter Bolsonaro no poder. O empresário cearense ainda não se pronunciou publicamente sobre a menção.