O gabinete do presidente da França, Emmanuel Macron, acusou os “inimigos do país” de espalhar notícias falsas ao sugerir que ele e outros líderes europeus haviam consumido drogas em um trem durante uma visita a Kiev, na Ucrânia.
Imagens de vídeo publicadas online mostraram Macron sentado à mesa em um vagão de trem com o primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, e o premiê britânico, Keir Starmer. Na filmagem, Macron retira um objeto branco amassado da mesa.
Alguns usuários das redes sociais sugeriram —sem quaisquer evidências— que o objeto era um saco de cocaína, e a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, republicou a filmagem. Tanto Paris quanto Berlim rejeitaram as acusações.
O gabinete de Macron afirmou que o objeto branco era um lenço de papel. “Quando a unidade europeia incomoda, a desinformação chega ao ponto de fazer com que um simples lenço seja transformado em droga”, publicou a conta da Presidência no X, acima de uma foto de um lenço de papel sobre a mesa com a legenda: “Este é um lenço de papel. Para assoar o nariz”.
“Essas notícias falsas estão sendo espalhadas pelos inimigos da França, tanto no exterior quanto em casa. Devemos permanecer vigilantes contra a manipulação”, disse o gabinete, sem identificar os inimigos. “Rejeitamos essa afirmação absurda”, disse um porta-voz do governo alemão.
“É apenas um lenço de papel”, escreveu o partido conservador de Merz, o CDU, no X. “Muitos lados estão atualmente tentando influenciar a opinião pública por meio de campanhas de desinformação. Os inimigos da nossa democracia estão tentando enfraquecer especificamente a unidade europeia e a coesão social.”
Macron, Merz, Starmer e o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, encontraram-se com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, no sábado, numa demonstração de solidariedade a Kiev.
A França começou a adotar uma abordagem mais vigorosa para combater a desinformação online. O governo encarregou seu órgão de vigilância de desinformação estrangeira Viginum de monitorar contas de mídia social ligadas à Rússia e descobrir possíveis operações de influência política.
As autoridades francesas também manifestaram preocupação com as contas de mídia ligadas à extrema direita americana. “Nosso debate público é bombardeado pela propaganda russa, transmitida pela extrema direita americana”, escreveu o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, no X, na semana passada.