Mohsen Mahdawi, estudante da Universidade Columbia, foi libertado nesta quarta-feira (30) da custódia da imigração dos Estados Unidos após um juiz federal decidir que ele poderá contestar, em liberdade sob fiança, a tentativa de deportação movida pelo governo de Donald Trump em decorrência de sua participação em protestos pró-Palestina.
Nascido e criado em um campo de refugiados na Cisjordânia, Mahdawi foi preso no início deste mês ao comparecer a uma entrevista relacionada ao seu pedido de cidadania americana. Pouco depois, um juiz determinou que ele não poderia ser deportado dos EUA nem retirado do estado de Vermont.
Após duas semanas de detenção, Mahdawi saiu do tribunal federal em Burlington depois que o juiz Geoffrey Crawford ordenou sua libertação em uma audiência judicial nesta quarta, segundo seus advogados.
“Estou dizendo alto e claro para o presidente Trump e seu gabinete: não tenho medo de vocês”, disse Mahdawi ao sair do tribunal, enquanto dezenas de manifestantes agitavam bandeiras palestinas e gritavam “sem medo” e “sim ao amor”. “Isso é uma luz de esperança, esperança e fé no sistema de justiça dos Estados Unidos.”
Lia Ernst, advogada da União Americana pelas Liberdades Civis que representa Mahdawi, disse em comunicado que seu cliente “não cometeu nenhum crime, e a única suposta justificativa do governo para mantê-lo preso é o conteúdo de seu discurso”.
Mahdawi é cofundador de um grupo de estudantes palestinos em Columbia junto com Mahmoud Khalil, que se tornou a face do movimento na universidade e que o governo Trump tenta deportar desde a sua detenção, em março —agora com aval da Justiça.
No dia 22 de abril, autoridades americanas negaram a Khalil permissão para que o ativista pró-Palestina pudesse acompanhar o nascimento do seu primeiro filho, um dia antes, em hospital de Nova York. Khalil soube do nascimento pelo telefone. Ele continua detido, embora sem acusação criminal formal, a mais de 1.600 km de distância, em Jena, no estado de Louisiana, e não se sabe quando poderá ver o filho pela primeira vez.
Khalil, ex-aluno de Columbia e de origem palestina, foi preso por autoridades imigratórias em 8 de março. O caso se tornou um dos mais emblemáticos da repressão a manifestações pró-Palestina e tem sido alvo de críticas de organizações de direitos humanos, que o consideram um ataque à liberdade de expressão e ao devido processo legal.
Outros manifestantes em circunstâncias semelhantes a deles incluem Rumeysa Ozturk, aluna do doutorado na Universidade Tufts que também manifestou apoio aos palestinos. Ela foi levada por agentes de imigração no fim de março, perto de sua casa em Massachusetts. Autoridades dos EUA revogaram seu visto. O Departamento de Segurança Interna acusou-a, sem fornecer evidências, de “participar de atividades em apoio ao Hamas”, grupo terrorista palestino em guerra com Israel na Faixa de Gaza.
Ainda no contexto da ofensiva do governo Trump contra estudantes que participaram de protestos nas universidades americanas, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou nesta quarta-feira o cancelamento de vistos de aluno estrangeiros que ingressam no país para participar de protestos —especialmente os pró-Palestina.