O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta quinta-feira (7) a realização de um novo censo que exclua os migrantes que se encontram em situação irregular no país, um ano antes das eleições de meio de mandato.
Os EUA realizam um censo populacional a cada 10 anos. O próximo está previsto para 2030.
Esta ferramenta é utilizada para diversos fins. Permite redesenhar os mapas eleitorais e, portanto, influencia o número de votos que cada estado contribui para o colégio eleitoral, o órgão que elege formalmente o presidente, as cadeiras do Congresso e a alocação de fundos federais.
Durante seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, Trump tentou incluir uma pergunta sobre cidadania no censo de 2020, mas a Suprema Corte o impediu.
Agora ele volta a intervir no censo demográfico, consciente de que uma mudança na contagem oficial poderia transformar o Congresso, o colégio eleitoral e as políticas públicas. Desta vez, há também um cenário mais favorável para o republicano tanto no Congresso como na Suprema Corte, de maioria conservadora formada por indicações dele.
“Instruí nosso Departamento de Comércio a começar imediatamente o trabalho em um novo e altamente preciso censo baseado em fatos e números atuais e, o que é importante, utilizando os resultados e as informações obtidas nas eleições presidenciais de 2024”, anunciou nesta quinta-feira em sua plataforma digital, a Truth Social.
“As pessoas que estão em nosso país ilegalmente NÃO SERÃO CONTADAS NO CENSO”, acrescentou ele, utilizando as habituais letras maiúsculas.
Em meio a uma desaceleração demográfica do país, a população imigrante aumentou em 1,6 milhões de pessoas entre 2022 e 2023, muitos deles latino-americanos, segundo o Instituto de Políticas Migratórias (MPI), com sede em Washington.
Em 2023 residiam nos EUA 47,8 milhões de migrantes, segundo dados do escritório do Censo. Destes, “quase três quartos estavam no país legalmente como cidadãos naturalizados, residentes permanentes legais”, ou seja, com o green card ou com vistos temporários, segundo o MPI.
Segundo o Pew Research Center, se os migrantes em situação irregular tivessem sido eliminados do censo, vários estados poderiam perder cadeiras no Congresso em 2020, como é o caso da Califórnia.
O anúncio de Trump ocorre em um momento em que os republicanos tentam modificar o mapa eleitoral no Texas para obter até cinco assentos a mais nas eleições de meio de mandato em 2026, no Legislativo local.
Com o objetivo de obstruir e impedir a votação, dezenas de congressistas estaduais democratas fugiram do estado. O governador republicano, Greg Abbott, ordenou que a polícia os prenda.