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    Política

    Nostalgia autoritária ameaça democracias pelo mundo

    JornalismoPor Jornalismoagosto 9, 202510 Minutos
    Outdoor com imagem de André Ventura, líder do partido de ultradireita português Chega, perto do Parlamento do país, em Lisboa, em maio deste ano
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    [RESUMO] Novo campo de estudo na ciência política se debruça sobre a nostalgia autoritária, o sentimento de saudosismo de parte significativa da população por ditaduras e ideias radicais, de esquerda e direita, que pareciam enterradas no passado. Múltiplos fatores (como desconhecimento histórico, banalização de regimes violentos e a forma como os países lidam com seus traumas), acreditam os pesquisadores, estão relacionados ao fenômeno, que parece ser um dos componentes da recente força eleitoral de partidos extremistas pelo mundo.

    “O sonho – A realidade – O pesadelo.” Um letreiro logo na entrada, ao lado de uma estátua em bronze do filósofo Karl Marx, desvenda os eixos temáticos do Museu do Comunismo de Praga, capital da República Tcheca.

    A cientista política búlgara Mila Moshelova esquadrinhou a exposição permanente, cuja ênfase recai sobre o terceiro item, “o pesadelo”, durante o último mês de maio. Ela pretende criar, ao lado de outros líderes da sociedade civil da Bulgária, um Museu do Comunismo no único país do leste europeu que não tem uma instituição semelhante.

    “A banalização de regimes criminosos, sejam fascistas ou comunistas, romantizando seus feitos, sem mostrar os custos humanos e econômicos, é às vezes apresentada como patriotismo”, disse Moshelova à Folha. “Esse tipo de narrativa pode legitimar a hostilidade contra alguns grupos. Gradativamente há uma erosão da empatia e, com isso, da própria liberdade.”

    Moshelova é pesquisadora na Universidade de Sófia, capital da Bulgária, e esteve em Praga para participar do seminário acadêmico “Nostalgia Autoritária e Partidos Populistas da Direita Radical”, promovido pelo Consórcio Europeu de Pesquisa sobre Política (ECPR).

    A “nostalgia autoritária” é um novo campo de estudos dentro da ciência política, inaugurado por intelectuais do Leste Europeu, preocupados com o saudosismo das ditaduras comunistas. Pesquisas sobre o tema chegaram recentemente à Europa ocidental, onde o foco dos estudos é outro.

    “Nossa hipótese é que muitos eleitores da direita radical populista são movidos por nostalgia de um passado autoritário”, diz o cientista político italiano Luca Manucci, organizador do seminário ao lado do espanhol Hugo Marcos Marné. “Cada vez mais os estudos mostram essa correlação.”

    Manucci é pesquisador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e autor do livro “Populismo e Memória Coletiva”, publicado em 2020 pela editora britânica Routledge e um dos primeiros tratados sobre o assunto.

    Em Portugal, uma sigla de ultradireita, o Chega, acaba de se tornar o segundo maior partido da Assembleia da República, o Parlamento local, nas eleições realizadas no dia 18 de maio.

    O líder do Chega, André Ventura, raramente evoca o passado autoritário de Portugal em seu discurso político. Pesquisas acadêmicas mostram, no entanto, que uma parte significativa de seus eleitores manifesta nostalgia da ditadura liderada por António de Oliveira Salazar, que durou de 1933 até 1974, sobrevivendo à morte do autocrata em 1970.

    Em questionário aplicado em 2023, cerca de 1/3 dos apoiadores do Chega responderam que antes de 1974 —ano da Revolução dos Cravos, marco da redemocratização do país—, Portugal estava melhor.

    A proporção foi parecida para eleitores que consideravam Salazar um dos maiores líderes da história; que preferiam que os políticos portugueses seguissem alguns dos ideais do ditador; e que achavam que havia mais liberdade no país durante a ditadura do Estado Novo do que nos tempos atuais.

    Essas respostas concentraram-se nos eleitores do Chega e foram apenas residuais entre os que votam em outros partidos, incluindo os integrantes da Aliança Democrática, de centro-direita, que hoje governa o país.

    Na Espanha, onde foi aplicado um questionário semelhante, constatou-se um fenômeno parecido. A maior parte dos nostálgicos do ditador Francisco Franco (1892-1975) apoia o Vox, partido de ultradireita análogo ao Chega —também liderado por uma figura carismática, Santiago Abascal, e terceiro maior no Parlamento espanhol.

    Abascal evoca o passado autoritário espanhol com mais liberdade que Ventura em Portugal. Em discursos, costuma dizer que o pior governo da Espanha no século 20 foi o do Partido Socialista, deixando implícito que o franquismo não foi tão ruim assim. Seu diferencial é a criação de uma verdadeira máquina de reescrever a história, a Fundación Disenso, que funciona em Madri.

    Recauchutar o passado ditatorial, tornando-o heroico e menos cruel do que foi na realidade, é uma característica comum aos partidos que evocam a nostalgia autoritária para ganhar votos.

    No encontro em Praga, o cientista político polonês Piotr Zagorski mostrou como o Vox falsifica a narrativa da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), colocando a nascente República no papel de vilã e Franco como o líder que teria salvado o país do comunismo.

    “Personalidades como Franco, que aparentemente são capazes de resolver um problema rapidamente e fazer as coisas andarem, são frequentemente evocadas em momentos em que as democracias parecem não trazer resultados”, afirma Zagorski, pesquisador do Centro de Estudos Políticos e Constitucionais em Madri.

    No livro “Populismo e Memória Coletiva”, Luca Manucci demonstra que o modo como cada país lida com seu passado influencia no êxito, ou fracasso, das forças radicais que recorrem à nostalgia autoritária.

    O autor compara oito países europeus: Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, Países Baixos, França, Reino Unido e Suécia. A partir da análise dos casos, o cientista político lista quatro maneiras diferentes de lidar com o passado ditatorial: vitimização, cancelamento, “heroificação” e culpabilização.

    A França seria um caso clássico de vitimização. No início da ocupação nazista, uma parcela significativa do país apoiou o governo pró-alemão do marechal Phillipe Pétain , que aboliu a República e criou leis antissemitas. A imagem que ficou para a história, no entanto, foi a da “resistência” contra os “colaboracionistas”, num contexto em que a França teria sido vítima da Alemanha, embora o infame Estatuto dos Judeus tenha sido criado em 1940, sem interferência dos nazistas.

    É verdade que, na França, a popularidade de Pétain decaiu ao longo da Segunda Guerra. Ao fim do conflito, ele foi condenado à prisão perpétua como traidor, e a resistência, que tinha entre seus líderes o lendário Charles De Gaulle, colecionou várias histórias de heroísmo.

    A Espanha foi um caso clássico de cancelamento. “Depois da morte de Franco, o espanhóis preferiram uma transição suave à democracia, mediada pelo rei”, diz Manucci. Os crimes da ditadura foram esquecidos em nome da conciliação nacional, e alguns remanescentes franquistas entraram no Partido Popular, de centro-direita. Na Espanha, a nostalgia autoritária não se restringe ao Vox.

    Em sua máquina de reescrever o passado, a Fundación Disenso, Abascal se sente à vontade para evocar não apenas o passado franquista. Ele restaura também a narrativa heroica sobre o colonialismo. No festival “Viva!”, em Madrid, uma espécie de congresso anual que reúne a ultradireita de vários países, o Vox promove espetáculos teatrais em que atores representam os conquistadores do passado. Na Espanha, assim, combinam-se os elementos do cancelamento e da “heroificação”.

    Entre os casos pesquisados, o melhor exemplo de culpabilização é o da Alemanha, que, ao contrário dos outros países europeus citados no livro, preferiu enfrentar os fantasmas do passado a reescrever a história ou fingir que ela não existiu.

    Em seu livro, Manucci aponta que estigmatizar o passado ditatorial seria provavelmente a melhor maneira de evitar a nostalgia autoritária. Nas eleições realizadas em fevereiro deste ano, no entanto, o partido da ultradireita alemã, Alternative fur Deutschland (AfD), amealhou 20,8% dos votos válidos e se tornou o segundo maior do Parlamento, conquistando 152 cadeiras, 69 a mais que na eleição anterior.

    Ficou atrás apenas da centro-direita (CDU) e à frente do histórico Partido Social Democrata (SPD), numa configuração que se repetiria em Portugal meses depois. O que aconteceu?

    Uma hipótese teria a ver com a geografia do país, que por mais de 40 anos esteve dividido entre Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental. “No pedaço que ficou sob o domínio da União Soviética não houve a culpabilização, mas a ‘heroificação’. Os comunistas se orgulhavam de ter lutado pela liberdade contra os nazistas”, diz Manucci.

    Isso gerou uma maior tolerância a práticas autoritárias de esquerda ou de direita. A maior parte do voto da AfD veio dos distritos eleitorais localizados na antiga Alemanha Oriental. O discurso da ultradireita também se beneficiou de um voto de protesto, dada a imensa disparidade econômica entre a parte ocidental do país, extremamente próspera, e a oriental, que ainda se ressente dos anos de estagnação sob o jugo da União Soviética.

    Sendo um ramo novo de pesquisa dentro da ciência política, o estudo da nostalgia autoritária ainda tem mais indagações que respostas. Para Manucci, ele irá se debruçar sobre três questões num primeiro momento.

    Primeiro: será que partidos de ultradireita conseguirão superar a estigmatização e liderar governos apelando para a nostalgia autoritária? Isso não aconteceu ainda na Europa ocidental, mas na Alemanha e em Portugal, para citar países que tiveram eleições neste ano, tais partidos já são a segunda força política no Parlamento. Na Europa oriental, o Fidesz de Viktor Orbán já governa na Hungria, e o atual presidente da Polônia foi eleito com o apoio da sigla ultradireitista Lei e Justiça.

    A segunda questão é: qual o impacto da ascensão desses líderes e partidos sobre os sistemas democráticos da Europa ocidental? Na parte oriental do continente, Hungria e Polônia vêm sofrendo graves retrocessos nos índices de qualidade democrática.

    Para o ranking sueco Varieties of Democracy (V-Dem), o mais utilizado no meio acadêmico, a Hungria não pode ser mais considerada uma democracia, visto que a imprensa não é livre, a universidade foi subjugada pelo poder público —Donald Trump, assumidamente inspirado em Orbán, tenta fazer o mesmo nos Estados Unidos— e o sistema eleitoral foi profundamente alterado para facilitar reeleições consecutivas do autocrata de plantão.

    A terceira questão, talvez a mais importante, remete a um aparente paradoxo. Grande parte dos eleitores da ultradireita europeia são jovens —seriam, portanto, nostálgicos de um passado que não viveram.

    “A estigmatização só pode durar um tempo limitado. As novas gerações não têm a mesma socialização política das anteriores, nem a mesma memória do passado”, diz Manucci, em outra das possíveis explicações para o sucesso da AfD.

    Na Bulgária ocorre algo parecido, de acordo com Mila Moshelova. Pesquisas mostram que 89% dos jovens com menos de 24 anos sabem muito pouco sobre o que aconteceu no país entre 1944 e 1989, período em que vigorou o domínio soviético. Entre os mais velhos, esse número cai para 12%. “Esse desconhecimento da história deixa campo aberto para o subjetivismo e para a especulação”, afirma a cientista política.

    Museus como o que ela pretende criar em seu país podem cumprir um papel didático junto às novas gerações. “Eles trazem um entendimento mais profundo das complexidades do totalitarismo e, no nosso caso, do passado comunista”, diz Moshelova. “Podem contribuir para que a Bulgária participe da conversa europeia e global sobre memória e história.”

    Outro meio de evitar a nostalgia autoritária, bastante mencionado no seminário de Praga, é a criação de “contradiscursos” —e nesse aspecto o caso português é sempre citado.

    No dia 25 de abril de 1974, militares derrubaram a ditadura salazarista portando fuzis que ostentavam, em seus canos, flores vermelhas. A imagem poderosa deu o nome ao movimento, Revolução dos Cravos.

    Inaugurou-se ali o que o cientista político americano Samuel Huntington chamou de “terceira onda da democratização” —depois de Portugal, e um pouco inspirados no exemplo lusitano, Espanha, Grécia, países da América Latina e, mais tarde, do Leste Europeu, derrubaram suas ditaduras.

    Todos os anos, no 25 de abril, milhares de lisboetas descem a avenida da Liberdade portando cravos vermelhos para celebrar a data. Nostalgias democráticas, e não apenas autoritárias, também podem ser fonte de orgulho patriótico.

    Fonte Matéria

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