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    Home » ‘Dronefobia’: o trauma dos soldados da guerra na Ucrânia
    Política

    ‘Dronefobia’: o trauma dos soldados da guerra na Ucrânia

    JornalismoPor Jornalismoagosto 4, 20258 Minutos
    A imagem mostra um jovem homem com cabelo curto e barba por fazer, olhando para o lado. Ele está usando uma camiseta verde e o fundo é de um tom escuro, sugerindo um ambiente interno com pouca luz. A iluminação suave destaca seu rosto e expressões faciais.
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    Em um apartamento apertado na capital ucraniana, Kiev, Pavlo, 30, um operador de drones que voltou da guerra recentemente, abriu o zíper de um estojo preto do tamanho de uma caixa de pizza. Dentro, havia um drone de quatro hélices que ele pretendia fazer voar no cômodo.

    Ele apertou botões no controle e ajustou a antena em diferentes posições. Nada aconteceu. “Desculpa, hoje não”, disse, sorrindo. O equipamento parecia intacto, mas algo estava quebrado.

    Na linha de frente, Pavlo–que pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome–pilotava drones de FPV (visão em primeira pessoa).

    Pequenos e altamente manobráveis, esses drones têm câmeras frontais que permitem o controle remoto. Nos últimos meses, os FPVs carregados com explosivos se tornaram onipresentes nas trincheiras da Ucrânia, substituindo as armas pesadas que marcaram a primeira fase da guerra.

    Os drones FPV perseguem veículos blindados, caçam soldados em meio às árvores e seguem alvos individuais até a morte. “Você não pode se esconder de um FPV, e correr é inútil”, disse Pavlo. “Você tenta ficar o mais calmo possível e reza.”

    Mesmo quando estão altos demais para serem vistos ou escondidos na vegetação, os soldados conseguem ouvir o zumbido agudo e característico dos FPVs.

    “Bzzzzzzzzzz”, imitou Pavlo. “Você está sendo caçado.”

    Depois de mais de um ano na linha de frente, Pavlo voltou para casa, no apartamento em Kiev que divide com a esposa. Mas o som dos drones o acompanhou. Ferramentas comuns do dia a dia–como cortadores de grama, motocicletas e aparelhos de ar-condicionado–o fazem lembrar dos FPVs que o caçaram e também aos seus colegas de unidade.

    E a natureza não oferece refúgio. Pavlo não consegue mais ouvir o zumbido de abelhas ou moscas sem sentir um pânico crescente. “Não gosto mais de ir para a natureza e ouvir esse som, porque me lembra intensamente os drones”, disse.

    O trauma associado ao som não é novo–gerações de soldados voltaram da guerra sensíveis a ruídos repentinos na vida civil. Mas, com a guerra na Ucrânia transformada em um conflito impulsionado por tecnologia de drones, o trauma também evoluiu.

    “Nos últimos meses, a maioria dos pacientes–se não estão feridos fisicamente–sofre de problemas de saúde mental provocados pela atividade constante de drones”, diz Serhii Andriichenko, psiquiatra-chefe do hospital militar de Kiev. “Chamamos isso de dronefobia.”

    Milhares de homens estão voltando da linha de frente, como Pavlo, com transtornos agudos de estresse ligados ao som dos drones, afirmou Andriichenko.

    A dronefobia pode ser desencadeada por uma série de ruídos urbanos comuns–motos pequenas, cortadores de grama, aparelhos de ar-condicionado–qualquer som mecânico que produza um zumbido.

    “Se é uma motoneta ou um cortador de grama, meu primeiro pensamento é que pode ser um drone”, disse outro soldado, Savur, que perdeu um braço em um ataque de FPV.

    Na linha de frente, os drones eram um “som permanente”, afirmou Savur, que pediu para ser identificado apenas por seu codinome, conforme o protocolo militar. “O som de uma explosão dura apenas alguns segundos, mas o drone fica lá a maior parte do tempo.”

    “Você pode ficar deitado na sua posição, no seu buraco, ouvindo aquilo por horas. Eu me lembro desse som o tempo todo.”

    Às vezes, o problema era o oposto: o silêncio. “O silêncio é sempre o começo”, explicou Andriichenko. “Quando os soldados vão para posições de combate, ficam atentos ao silêncio–querem garantir que não há drones por perto. Há uma tensão constante, um medo permanente. Eles estão sempre olhando para cima.”

    Na maioria dos casos, essa sensação constante de tensão não desaparece com o retorno à vida civil. Soldados foram vistos desligando luzes de repente, se afastando das janelas e se escondendo sob móveis.

    Mais tarde, quando procuram tratamento, Andriichenko relata que, muitas vezes, os soldados nem se lembram de um som específico que tenha servido de gatilho–mas a esposa ou um parente conta que, pouco antes, um exaustor ou ar-condicionado havia sido ligado.

    Soldados de fases anteriores da guerra–marcada por combates diretos e brutais–voltavam com medo das florestas, onde muito da luta ocorria. Agora, a guerra com drones inverteu esse padrão. Soldados se sentem mais seguros sob copas densas de árvores. “E evitam áreas arborizadas em seu tempo livre”, disse o psiquiatra.

    O aumento no uso de drones teve outro efeito aterrorizante para as tropas: estendeu a zona de perigo muito além da linha de frente. Soldados que operam a até 40 km da linha de contato, ou que recuam após missões intensas, não conseguem mais baixar a guarda.

    Nazar Bokhii, comandante de uma pequena unidade de drones, estava a cerca de 5 km da linha de contato em um abrigo subterrâneo quando sua equipe atingiu com precisão uma posição de morteiro russa a 22 km dali. Empolgado com o sucesso, Bokhii saiu correndo do abrigo, esquecendo o protocolo padrão de parar para escutar o zumbido.

    A poucos metros, um drone FPV russo rondava no ar. Ao avançar, Bokhii só teve tempo de erguer os braços. Quando o drone explodiu, ele perdeu as duas mãos, o olho esquerdo e teve o rosto gravemente queimado.

    Bokhii disse que seu próprio estresse pós-traumático se limitava a sustos ocasionais com barulhos de motos e cortadores de grama. Mas sabia bem o efeito que o som produzia–afinal, sua unidade o utilizava como arma psicológica.

    “Nós éramos o lado que causava medo com o som, não o lado que sofria com isso”, afirmou.

    Em certo momento, perceberam que o ruído do drone podia forçar soldados russos a sair de áreas protegidas. “Você fica zumbindo em volta deles–e vira um teste de resistência psicológica do inimigo”, explicou Bokhii. “O som do drone em si é um ataque psicológico sério.”

    Segundo ele, bastava pairar sobre um soldado por tempo suficiente para que ele deixasse um abrigo seguro e corresse para campo aberto.

    “A nossa mente funciona de forma que precisamos fazer algo para aliviar o medo”, disse Bokhii. “Então você paira perto e o suprime psicologicamente… até ele começar a correr e ficar mais fácil de atingir.”

    O terror psicológico provocado pelos FPVs já não está restrito à linha de frente–nem às áreas próximas. A Rússia começou a usar drones FPV para lançar explosivos contra civis em cidades ucranianas.

    Uma das mais afetadas é Kherson, cidade no sul da Ucrânia que chegou a ser ocupada por forças russas e ainda está dentro do alcance dos drones. Segundo a organização Human Rights Watch, soldados russos têm usado drones FPV para atacar civis deliberadamente–o que configura crime de guerra.

    Segundo a administração militar regional, ao menos 84 civis já foram mortos em Kherson este ano por ataques com drones russos.

    Moradores relatam que os pequenos FPVs são um terror diário.

    “Não existe mais lugar seguro”, disse Dmytro Olifirenko, guarda de fronteira de 23 anos que vive em Kherson. “Você tem que estar sempre alerta, concentrado. Por causa disso, o corpo vive em estado de estresse”, afirmou.

    Olifirenko estava em um ponto de ônibus em setembro quando ouviu o som familiar de um drone russo sobrevoando. “Achamos que ele iria seguir o ônibus, porque eles estavam caçando ônibus civis”, contou.

    Em vez disso, o drone soltou o explosivo diretamente no ponto de ônibus, lançando estilhaços que atingiram a cabeça, o rosto e a perna de Olifirenko. Um vídeo gravado por um pedestre mostra o zumbido do drone seguido pelos gritos de Olifirenko sangrando no chão.

    Hoje, ele diz ouvir os drones “o tempo todo”, estejam eles presentes ou não. “Isso afeta profundamente sua saúde mental e psicológica”, afirmou. “Mesmo quando você vai para Mykolaiv ou outra cidade, continua tentando ouvir.”

    Para civis como Olifirenko, os drones transformaram os sons comuns de qualquer cidade–carros, motos, geradores, cortadores de grama, ar-condicionados–em um campo minado psicológico que precisam enfrentar todos os dias, mesmo com o risco real dos ataques.

    Para soldados que voltam da frente, como Pavlo, os drones criaram um medo novo e específico, difícil de abandonar.

    “Você começa a ver o mundo como um campo de batalha”, disse Pavlo. “E ele pode se tornar um campo de batalha a qualquer momento.”

    Entre todos os gatilhos, ouvir–o sentido que os drones exploram com mais eficácia–é o mais traiçoeiro, afirmou.

    “Quando você vê algo, seu cérebro pode identificar em um segundo. Você entende o que é muito rápido.

    “Mas um som desconhecido é diferente. Seu cérebro mudou. Você não consegue ignorar, precisa reagir. Porque, na linha de frente, isso pode salvar sua vida.”

    Reportagem com colaboração de Svitlana Libet

    Este texto foi publicado originalmente aqui.

    Fonte Matéria

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