Israel lançou nesta segunda-feira (16) novos ataques ao Irã pelo quarto dia consecutivo depois de bombardear a capital, a cidade sagrada de Mashhad e instalações militares no oeste do país.
O Irã, por sua vez, respondeu com novos lançamentos de mísseis, segundo o Exército israelense, que garantiu que seu sistema de defesa trabalha para repelir a ameaça.
No Irã, os ataques israelenses causaram 224 mortos desde sexta-feira (13) e mais de mil feridos, informou o Ministério da Saúde.
Do lado israelense foram registrados 13 mortos e 380 feridos após a ofensiva iraniana, segundo a polícia e os serviços de emergência.
Enquanto isso, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos afirmou que uma mulher morreu no oeste da Síria após a queda de um drone, provavelmente iraniano.
No quarto dia de sua ofensiva, Israel disse na manhã desta segunda que ataca locais de mísseis terra-terra no centro do Irã.
“Estamos agindo contra esta ameaça a partir de nosso espaço aéreo e a partir do espaço aéreo iraniano”, afirmou na rede social X o tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz do Exército.
Horas mais tarde, o Exército israelense identificou mísseis lançados do Irã contra seu território e jornalistas da AFP em Jerusalém indicaram ter ouvido explosões na cidade.
O Exército também anunciou a destruição de um avião iraniano de reabastecimento de combustível no aeroporto de Mashhad, assim como alvos em Teerã, como a chamada Organização de Inovação e Pesquisa Defensiva, que é considerada o coração do projeto iraniano para construir armas nucleares.
Em Teerã, a televisão estatal anunciou a morte de pelo menos cinco pessoas em um edifício residencial.
O Ministério das Relações Exteriores iraniano acusou Israel de ter atacado “deliberadamente” um de seus edifícios deixando vários feridos.
O conflito começou na sexta-feira quando o Exército israelense lançou um ataque sem precedentes contra o Irã com o objetivo declarado de evitar que se dote de armas nucleares.
Depois de décadas de guerra indireta e operações pontuais, esta é a primeira vez que os dois países se enfrentam militarmente com tanta intensidade.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que disse ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em uma ligação no domingo que a diplomacia era, em última análise, a melhor opção com o Irã, embora não tenha chegado a pedir um cessar-fogo imediato.
Igualmente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliado de Israel, instou no domingo ambos os países a “chegarem a um acordo”, embora depois tenha sugerido que talvez tivessem que “lutar” primeiro.
Mas o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, garante que tem “provas sólidas sobre o apoio das forças e bases americanas” nos ataques de Israel.
À noite, um alto responsável militar iraniano, o coronel Reza Sayyad, porta-voz das forças armadas, prometeu uma resposta “devastadora” e advertiu que em breve Israel “não será habitável”.
Segundo a agência iraniana Isna, outro dos alvos em Teerã foi a sede da polícia, no centro da capital.
A maioria dos comércios permaneceu fechada e longas filas de veículos encheram as vias para sair de Teerã.
“Não conseguimos dormir desde sexta-feira devido ao terrível barulho das explosões. Hoje atingiram uma casa em nossa rua e ficamos com muito medo. Decidimos sair de Teerã”, contou Farzaneh, uma dona de casa de 56 anos que se dirigia ao norte do país.
Em Bat Yam, ao sul de Tel Aviv, vários edifícios residenciais foram destruídos pelos ataques iranianos.
“Não resta nada, não há casa, acabou!”, disse Evgenia Doudka, cujo apartamento ficou destruído. “Soou o alarme e fomos para o abrigo. De repente, todo o abrigo se encheu de poeira, e foi então que percebemos que acabava de acontecer um desastre”.
Grande parte dos mísseis e drones iranianos foram interceptados por seu sistema de defesa Domo de Ferro, segundo o exército israelense.
A massiva campanha aérea israelense contra o Irã matou altos funcionários do regime iraniano, incluindo o chefe da Guarda Revolucionária e o chefe do Estado-Maior do Exército, assim como nove cientistas do programa nuclear.
O chefe de inteligência da Guarda Revolucionária morreu no domingo junto com outros dois oficiais em um bombardeio, segundo a agência de notícias oficial Irna.
Tanto Israel como os países ocidentais acusam o Irã de querer dotar-se de armas nucleares, algo que Teerã nega, ao mesmo tempo em que defende seu direito de desenvolver um programa nuclear civil.
“Se a agressão parar, nossa resposta parará”, disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, acusando Israel de tentar “descarrilar” as negociações nucleares iniciadas em abril com os Estados Unidos.
Os ataques de Israel visaram, entre outros, o centro de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do país, cuja parte superficial foi destruída segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Segundo disse Netanyahu em uma entrevista à Fox News no domingo, o exército de Israel destruiu “a instalação principal de Natanz, a principal usina de enriquecimento” de urânio do país.