Durante julgamento relacionado à tentativa de golpe de Estado que culminou nos atos de 8 de janeiro de 2023, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e atualmente delator, mencionou o nome do general cearense Estevam Theophilo como uma das figuras cogitadas por militares para liderar uma eventual ruptura institucional.
General Theophilo é investigado pela Polícia Federal (PF) como um dos suspeitos de envolvimento na articulação golpista. Ele comandava, à época do governo Bolsonaro, o Comando de Operações Terrestres (COTER), órgão estratégico por concentrar o maior efetivo militar do Exército. De acordo com a PF, o COTER teria papel central na execução de qualquer tentativa de tomada de poder por meio de força.
No depoimento prestado, Mauro Cid relatou que circulavam entre os militares informações sobre a possível disposição de Theophilo em liderar tropas caso houvesse uma ordem para intervir. “Havia boatos, comentários em reuniões. O nome do General Theophilo surgia como alguém que tomaria a frente se fosse dada uma ordem”, declarou.
Ainda segundo Cid, havia preocupação entre os próprios conspiradores em confirmar se as mensagens e rumores que circulavam em grupos militares, especialmente nas redes sociais, correspondiam à realidade. “O grupo queria entender a real posição do General Theophilo, se o que diziam nos bastidores era verdade”, completou.
Apesar das especulações, Mauro Cid afirmou que o general sempre adotou uma postura institucional. Ele relatou uma conversa com o general Cleveson, em que ficou claro que Theophilo não tomaria nenhuma atitude à revelia da cúpula do Exército. “Ele questionou se o comandante estava ciente, pois não faria nada sem o aval do comandante do Exército”, frisou Cid.
As investigações seguem sob responsabilidade da Polícia Federal, que aprofunda as diligências sobre a cadeia de comando e as articulações militares que cercaram a tentativa de golpe.