Na semana em que Xi Jinping e Donald Trump devem se falar por telefone, a China rejeitou as acusações do presidente americano de que Pequim teria violado acordos comerciais internacionais.
A resposta veio após Trump anunciar novos planos para tarifas sobre semicondutores e restrições a vistos para estudantes chineses. A China replicou dizendo que os americanos “violaram gravemente” a trégua comercial e que tomará medidas enérgicas para defender seus interesses.
O Ministério do Comércio da China afirmou que Washington “prejudicou seriamente” o acordo firmado durante as negociações em Genebra no mês passado, quando ambos os países reduziram tarifas sobre produtos importados um do outro.
Apesar das críticas, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sinalizou que Washington mantém as portas abertas para o diálogo com Pequim. Em entrevista, ele relatou que Trump teve uma conversa “cordial” com Xi nos bastidores da cúpula do G20 anteriormente, mesmo com a retórica agressiva pública.
Por que importa: apesar de haver claros vencedores terceiros na disputa, como o Brasil ao suprir a demanda deixada pelos americanos na agropecuária, a escalada nas tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo ameaça a estabilidade econômica global.
Nos EUA, as novas tarifas e restrições podem impactar diretamente setores estratégicos, como tecnologia e educação.
Pare para ver
Pôster da era maoísta e produzido pelos designers Gao Hong, Peng Bin, He Kong em 1975. Leia mais sobre aqui.
O que também importa
Taiwan testará neste mês um drone marítimo kamikaze desenvolvido localmente para reforçar suas defesas navais diante da crescente pressão militar da China. Batizado de Projeto Kuai Chi, o equipamento é produzido pelo Instituto Estatal NCSIST e tem previsão de início da produção em massa em 2026. O plano prevê a fabricação de mais de 200 unidades com tecnologia de inteligência artificial. Paralelamente, o governo fará uma demonstração pública de embarcações não tripuladas nos dias 17 e 18 de junho, excluindo, por ora, os modelos de uso militar classificados como sigilosos.
A Nvidia está enfrentando novas críticas de parlamentares dos EUA por sua proximidade com a China, após anunciar planos de abrir uma unidade em Xangai. Em carta ao CEO Jensen Huang, os senadores Jim Banks e Elizabeth Warren alertaram para riscos à segurança nacional e pediram detalhes sobre as atividades e incentivos financeiros envolvidos. A dupla, um republicano e uma democrata que já se envolveram em bate-boca no Senado, chamou a atenção da imprensa pela natureza bipartidária do desconforto com os investimentos da Nvidia.
Cientistas chineses desenvolveram um sistema de inteligência artificial capaz de distinguir ogivas nucleares reais de iscas, tornando-se a primeira solução do tipo voltada ao controle de armas. Divulgada por pesquisadores do Instituto de Energia Atômica da China, a tecnologia busca equilibrar eficácia de verificação e sigilo sobre projetos nucleares, em meio ao impasse com os EUA nas negociações de desarmamento. Baseado em simulações e barreiras físicas para ocultar detalhes técnicos, o sistema alcançou alta precisão segundo o South China Morning Post.
Fique de olho
Autoridades econômicas chinesas defenderam maior integração regional com a Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), Japão e Coreia do Sul.
Em reunião realizada em Milão, o ministro das Finanças da China, Lan Foan, propôs reforçar a coordenação de políticas macroeconômicas e ampliar laços comerciais para proteger cadeias produtivas.
Lan Foan foi acompanhado pelo presidente do Banco Central da China, Pan Gongsheng, que sugeriu fortalecer a Iniciativa de Chiang Mai com financiamento em moedas não atreladas ao dólar, como o renminbi, e promover sua institucionalização com base no modelo do FMI.
Durante o encontro, Lan também presidiu reuniões trilaterais com Japão e Coreia do Sul, além de uma sessão fechada com ministros das Finanças da Asean+3, onde destacou as políticas fiscais chinesas voltadas ao equilíbrio entre crescimento econômico e sustentabilidade a médio e longo prazo.
Por que importa: não é a primeira vez que Pequim faz tais apelos, especialmente ao Japão e à Coreia do Sul que prometeram coordenar uma resposta conjunta às tarifas americanas junto com a China em março.
É sinal de que a política comercial de Donald Trump está reduzindo o poder de influência dos EUA no Indo-Pacífico, o que torna uma frente ampla para cercar os chineses ainda mais complicada.
Para ir a fundo
Tem interesse em estudar na China? No dia 10 de junho, das 10h às 16h, acontece a 1ª Feira “Estude em Pequim, China”, no campus da ESPM na Vila Mariana. Várias universidades chinesas estarão presentes para explicar o processo de admissão e apresentar as oportunidades de bolsas (muitas delas, integrais. Saiba mais sobre aqui. (gratuito, em português)
A Embaixada da China está com um concurso de redação que vai dar eletrônicos, brindes e uma viagem com tudo pago para a China aos vencedores. Com o tema “A Modernização ao Estilo Chinês e o Brasil”, os textos devem ser enviados até 20 de junho e devem ter entre 1000 e 3000 palavras. Mais informações aqui. (gratuito, em português)