O clima entre o PDT e o Palácio do Planalto azedou de vez. A substituição de Carlos Lupi por Wolney Queiroz no comando do Ministério da Previdência acendeu o sinal de alerta dentro da legenda e pode precipitar um rompimento com a base de apoio do governo Lula. A mudança, anunciada sem o aval do partido, gerou reações imediatas de figuras de peso, como o ex-ministro e ex-presidenciável Ciro Gomes e o deputado federal André Figueiredo, ex-presidente interino da sigla.
Em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta segunda-feira (5), André Figueiredo deixou claro o desconforto com a forma como a troca foi conduzida. “Deixou bastante incômodo na bancada. Wolney tem uma relação histórica com o presidente Lula e é querido por todos nós, mas a nomeação não foi discutida com o partido. Isso não pode ser ignorado”, declarou o parlamentar, sinalizando que a manutenção da aliança pode estar com os dias contados.
Figueiredo reconheceu que um rompimento não deve ocorrer de imediato, mas afirmou que a discussão sobre o futuro da relação do PDT com o Planalto “é inevitável”.
Já Ciro Gomes, conhecido por seu tom crítico, não poupou palavras ao comentar a nomeação de Wolney Queiroz nas redes sociais do partido. “Estou muito envergonhado! Isto é uma indignidade inexplicável”, escreveu Ciro, expondo publicamente sua indignação com a decisão do governo.
Embora a postura crítica de Ciro seja, por ora, isolada dentro da legenda, sua movimentação pode influenciar setores descontentes. Fontes ouvidas pelo Globo apontam que, mesmo sendo minoria, Ciro continua atuando para reorientar os rumos do partido, que vive uma encruzilhada entre manter-se como aliado do governo federal ou seguir um caminho de maior independência — e até oposição.