A Groenlândia e a Dinamarca concordaram no domingo (27) em fortalecer seus laços em resposta ao interesse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em assumir o controle da ilha ártica estrategicamente localizada, disseram seus líderes após conversas em Copenhague.
O novo primeiro-ministro da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen, desembarcou na capital dinamarquesa no sábado (26) para uma visita de três dias, em uma demonstração de unidade entre a ilha rica em minerais, um território semiautônomo dinamarquês, e a Dinamarca.
“Estamos em uma situação de política externa que significa que precisamos nos aproximar mais”, disse Nielsen em uma entrevista coletiva com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.
A visita de Nielsen ocorre após meses de tensão devido às repetidas declarações de Trump de que a Groenlândia deveria se tornar parte dos EUA.
Os líderes da Dinamarca e da Groenlândia afirmaram que apenas os groenlandeses podem decidir o futuro do território, embora o posicionamento fique em uma linha delicada entre rejeitar firmemente as ambições dos EUA de anexar a Groenlândia e, ao mesmo tempo, tentar manter boas relações com o aliado tradicional do Ocidente.
“Estamos prontos para uma parceria forte [com os EUA]e mais desenvolvimento, mas queremos respeito. Nunca seremos uma propriedade que pode ser comprada por ninguém”, disse Nielsen.
O premiê do território disse que a expansão em andamento do consulado dos EUA em Nuuk, capital da Groenlândia, que foi acordada antes de Trump assumir o cargo, está provocando ansiedade entre o povo da Groenlândia.
Nielsen não confirmou nem negou quando perguntado se havia entrado em contato com a gestão americana desde que assumiu o cargo no início deste mês.
As relações mais calorosas entre Nuuk e Copenhague surgem depois que o primeiro-ministro anterior da Groenlândia, em dezembro, culpou a Dinamarca pelo que chamou de genocídio histórico no território ártico e, em janeiro, intensificou o impulso pela independência da Dinamarca.
Frederiksen disse que a Dinamarca está pronta para investir mais na Groenlândia e apoiar financeiramente o território à medida que assume mais responsabilidade pelos assuntos internos de Copenhague, como parte do que ela chamou de modernização do relacionamento.
A Dinamarca pediu uma maior colaboração de defesa ártica com os EUA, e tanto Nielsen quanto Frederiksen disseram no domingo que estavam comprometidos em fortalecer a defesa na região.
O rei Frederik da Dinamarca viajará para a Groenlândia na segunda-feira (28) em uma demonstração adicional de solidariedade.